Cursista: Maria Lena Amaral Veras
Data: 26-02-14
Educação Escolar de Pessoas com Surdez
-Atendimento Educacional Especializado
A nova política de educação no Brasil vem assumindo direções no sentido de superar a visão do homem, sociedade e cultura de forma fragmentada, mas numa perspectiva de inclusão de todos,com enfoque para as pessoas com deficiência. Nessa visão,uma nova política de Educação Especial na perspectiva inclusiva,principalmente para pessoas com surdez, tem se evidenciado no ambiente escolar e nas práticas sociais/institucionais. Embora as políticas já estejam definidas ,muitas questões e desafios ainda precisam ser discutidos,como também as práticas de ensino e aprendizagem adotadas nas escolas públicas e privadas precisam apresentar caminhos mais consistentes e produtivos para a educação da pessoa com surdez que não deve ser vista como deficiente , pois ela não é,mas tem perda sensorial auditiva,ou seja, possui surdez, tornando-a biologicamente mais limitada para essa função perceptiva. Na visão de Damázio e Ferreira (2010):
“O problema da educação das pessoas com surdez não pode continuar centrado nessa ou naquela língua,como ficou até agora, mas deve levar-nos a compreender que o foco do fracasso escolar não está só nessa questão, mas também na qualidade e na eficiência das práticas pedagógicas “.
A pessoa com surdez precisa ser percebida como ser humano capaz, produtivo e constituído de várias linguagens, com potencialidade para adquirir e desenvolver não somente processos visuais-gestuais, como também ler e escrever as línguas em seus entornos. Trata-se portanto de uma pessoa a ser estimulada,pois tem um potencial a ser desenvolvido nos aspectos cognitivos, culturais,sociais e lingüísticos,assumindo diferentes posições e identidades,ou seja: ser percebida como ser biopsicosocial,cognitivo,cultural,tanto na constituição de sua subjetividade, como na aquisição de conhecimento.
Essas pessoas necessitam de ambientes educacionais estimuladores, que desafiem o pensamento exercitem a capacidade perceptivo –cognitiva ,uma vez que a aquisição da língua de sinais , de fato, não é garantia de uma aprendizagem significativa se o ambiente em que a pessoa com surdez está inserida, em especial,o da escola comum, não oferecer condições para que se estabeleçam mediações simbólicas com o meio físico e social, exercitando sua capacidade representativa. Se os ambientes criados forem adequados para desenvolver seu potencial, as marcas do déficit, da falta, da falha e da deficiência serão colocados em segundo plano, sendo exaltado o seu potencial humano.
Nesse contexto fica legalizado a construção do Atendimento Educacional Especializado para pessoas com surdez por meio da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva, que disponibiliza serviços e recursos. Esse atendimento tem como função organizar o trabalho complementar para a classe comum, com vistas à autonomia e à independência social, afetiva ,cognitiva e lingüística da pessoa com surdez na escola e fora dela.
O AEE PS precisa ser pensado em redes interligadas , com uma ação conectada entre o pensar e o fazer pedagógico,em que as práticas pedagógicas estejam em uma simbiose relacionando as partes e o todo.
A organização didática do AEE PS envolve três momentos didático-pedagógicos:
. Atendimento Educacional Especializado em Libras – O AEE em Libras ocorre diariamente,em horário contrário ao da sala de aula comum.O professor acompanha o plano de conteúdo oficial da escola de acordo com a série/ciclo do aluno. A organização didática do espaço é rica em imagens visuais que possam facilitar o aprendizado dos conteúdos curriculares.
.Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa –Escrita – Esse atendimento acontece na sala de aula multifuncional ,em horário diferente ao da sala comum.O professor, preferencialmente, deve ser formado em Letras e conhecer os pressupostos lingüísticos e teóricos que norteiam o trabalho de Português escrito para pessoas com surdez.
.Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras – O atendimento deve ser planejado com base no diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da língua de sinais. No AEE de Libras , os alunos interagem e vivenciam momentos de trocas e diálogos. As aulas devem ser ministradas por um professor qualificado para realizar as exigências básicas do ensino , não praticando o bimodalismo ,isto é, misturar a Libras e a Língua Portuguesa, que são estruturas lingüísticas diferentes.O AEE de Libras oferece ao aluno com surdez segurança e motivação , exercendo grande importância no processo de inclusão desse aluno.
Observa-se portanto que no processo educacional , o AEE PS constitui-se num espaço de preparo para a coletividade, procurando inserir a pessoa com surdez no contexto social, levando-a a romper barreiras e enfrentar desafios , buscando uma sociedade mais fraterna , humana e solidária.
Referências:
DAMÁZIO,Mirlene F. Macedo e FERREIRA, Josimário de Paulo - Educação Escolar de Pessoa com Surdez - Atendimento Educacional Especializado - Coletânea UFC-MEC/2010,p.46-57.